
Guia completo sobre os desafios e como fazer a gestão de empresas familiares
- Posted by admin
- On 8 de abril de 2020
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Muitas pequenas e médias empresas são estruturas familiares. O maior desafio desse modelo de negócio está em gerir da melhor forma as relações pessoais e profissionais. Isso porque esse tipo de conflito, geralmente, culmina na falência dos empreendimentos. Por essa razão, fazer uma boa gestão de empresas familiares é fundamental para ter sucesso no mercado.
Especialistas afirmam que a melhoria contínua dos processos e a meritocracia são indispensáveis para proporcionar vida longa e sustentação ao negócio, mas, além desses fatores, existem outras ações também consideradas essenciais para o desenvolvimento sustentável da empresa.
Para esclarecer melhor esse assunto, escrevemos este artigo completo a fim de apresentar os maiores desafios da gestão de empresas familiares e como ela deve feita. Continue a leitura até o final!
Você sabe o que é uma empresa familiar?
Uma empresa familiar nada mais é que uma organização composta por membros da mesma família. No entanto, existe, sim, a possibilidade de esse negócio contar com profissionais de fora, inclusive, liderando alguns departamentos, como a gestão de RH, o setor de finanças etc. Nessa situação, os membros da família fazem parte da diretoria, porém, assumem outros cargos.
Esse modelo de negócio apresenta diferentes tipos e características, como:
- empresa familiar tradicional: via de regra, o controle financeiro e administrativo dessas organizações é feito exclusivamente por membros da família, com o intuito de ter um maior domínio sobre todos os processos;
- empresa de trabalho familiar: muito similar ao modelo tradicional, esse tipo de empresa é gerido apenas por familiares, assim, os filhos de graus mais próximos do fundador da organização são sempre incentivados a fazer parte dela e dar continuidade ao trabalho;
- empresa de administração familiar: apesar de apenas membros da família ocuparem os cargos de gestão, todos são capacitados para exercer tais funções;
- empresa de influência familiar ou de investimento: os familiares têm o controle estratégico, porém, a maior parte das ações são atribuídas a terceiros. Esse modelo é considerado mais profissional e transparente.
Quais são os maiores desafios das empresas familiares?
As empresas familiares enfrentam vários desafios ao longo da sua jornada, os quais precisam ser identificados e trabalhados da melhor maneira possível para não prejudicarem o bom desenvolvimento do negócio. Confira os principais deles!
Falta de profissionalização dos líderes
Muitas empresas familiares têm como objetivo passar a gestão do seu negócio para a próxima geração. O problema dessa questão está na falta de profissionalização desses novos líderes, que, por serem parentes próximos dos atuais gestores, deixam de se especializar. Logo, isso acarreta vários contratempos para a empresa — e o principal deles é a falência.
Devido a isso, é de suma importância que o familiar mais jovem prove para os responsáveis pelo negócio que é capaz de manter a organização em bom funcionamento. Nesse sentido, investir na profissionalização dos que assumirão cargos de chefia é fundamental para que eles possam gerenciar e conduzir o empreendimento da melhor forma possível.
Estar atento às tendências de mercado também é algo importante dentro da profissionalização. Dessa forma, é possível implementar processos ágeis que contribuem para que a empresa tenha um crescimento lucrativo e possa se manter competitiva no mercado.
Quando bem implementadas, essas novas estratégias e ideias trazidas pelo familiar jovem fazem com que os atuais gestores se sintam mais tranquilos em relação ao futuro da organização, diminuindo também os conflitos existentes.
Resistência em contratar novos talentos
Nem sempre os familiares dos gestores são as pessoas ideais para assumir determinados cargos. Isso se dá por diversos motivos, como falta de expertise necessária, falta de motivação e até mesmo desinteresse em seguir determinada carreira. Somado a isso, há uma resistência muito grande em contratar novos talentos para empresa — fazendo com que a organização perca vantagem competitiva pelo fato de não ter capital humano especializado.
Esse impacto emocional que surge no momento da tomada de decisão dificulta a estruturação do negócio. Afinal, é importante ter consciência de que pode haver casos em que um profissional externo se destacará mais que um profissional da família. Contudo, deve ficar claro que isso não refletirá negativamente no poder aquisitivo familiar.
A atração de talentos precisa ser vista como algo que contribuirá para o sucesso da empresa. Com mais mão de obra capacitada, é possível ter um negócio mais lucrativo e com mais vantagem competitiva no mercado. Além disso, com um plano de cargos e salários bem definido, a promoção desses profissionais se tornará mais justa, o que atrairá novos talentos interessados em contribuir para o crescimento da sua organização.
Abertura para inovação
Um dos maiores desafios da gestão de empresas familiares é a inovação. Isso porque como há muito tempo eles trabalham com os mesmos processos e tudo sempre trouxe bons resultados, os gestores ficam com receio de arriscar e colocar a sua empresa em uma situação delicada.
O problema maior das empresas familiares é que boa parte delas sempre estão voltadas para o emocional, e isso dificulta que os gestores enxerguem a necessidade de uma inovação — e, consequentemente, uma reestruturação dos processos.
Dessa forma, é muito comum se deparar com a falta de clareza de atuação de cada membro da família, confusão em relação às responsabilidades, falta de cobrança por resultados melhores, entre outros. Essa situação se agrava em momentos de crise, que faz com que as respostas não sejam satisfatórias. Sendo assim, para buscar a inovação é preciso:
- profissionalizar a gestão para impedir que interesses pessoais interfiram nas tomadas de decisão;
- otimizar os processos comerciais e operacionais a fim de tornar a empresa mais competitiva, principalmente no que se refere à precificação dos seus serviços e/ou produtos;
- fazer investimentos em novas tecnologias etc.
Adaptação à tecnologia
Por falar nisso, adaptar-se à tecnologia é fundamental para manter qualquer empresa “em pé”, independentemente de seu tamanho. Essa é uma tendência que precisa ser inserida no seu negócio para agilizar os processos e otimizar a produtividade de todos os envolvidos. Quando falamos em gerir um negócio, também estamos nos referindo à forma como ele é organizado. Afinal, quanto mais uma empresa cresce, mais difícil e complexo o processo manual se torna.
Nesse cenário, a tecnologia eliminará a falta de transparência em todos os processos das empresas familiares. O fluxo de trabalho se tornará mais claro e isso melhorará a tomada de decisão dos gestores. Com os sistemas tecnológicos, existe a possibilidade de acompanhar as ações das equipes em tempo real e, inclusive, melhorar a comunicação entre os diferentes departamentos.
Com o auxílio da tecnologia, será mais fácil implementar indicadores de desempenho, que são responsáveis por apontar como anda a performance dos colaboradores. Assim, ao identificar falhas, como a falta de comprometimento dos profissionais, será mais fácil acertar nas decisões para corrigir os eventuais problemas.
Gestão de pessoas
Em uma empresa familiar é comum os membros divergirem em algumas opiniões e, pela proximidade que têm, muitas vezes, essas discussões passam um pouco do ponto — principalmente quando estão relacionadas a decisões de reestruturação.
É por esse motivo que é fundamental organizar as responsabilidades de cada um e fazer com que eles saibam acatar decisões que, mesmo que de início não pareçam a melhor solução, visam o bem-estar da empresa.
Os novos modelos de gestão de pessoas incluem uma definição estruturada de cargos e salários, plano de carreira e remuneração variável. Tudo isso faz com que cada membro entenda qual é o seu lugar e seus deveres dentro da organização e, ainda, conscientizá-los sobre o que é preciso fazer para alcançar patamares profissionais maiores.
Alinhar todas essas expectativas faz com que não apenas os membros da família se sintam motivados e engajamentos com a empresa, mas os demais profissionais externos também, ajudando, assim, a reduzir o turnover e a melhorar a retenção de talentos.
Disputas de poder
Os propósitos de quem fundou a empresa nem sempre serão os mesmos de seus sucessores. Isso porque é muito difícil perpetuar alguns valores, sem contar que nem todos têm a mesma paixão pelo mesmo negócio. Assim, à medida que as famílias crescem, maiores são as disputas pelo poder, e esse é um desafio muito sério que precisa ser superado.
Nesse momento, mais do que nunca as emoções precisam ser deixadas de lado e é crucial ser o mais racional possível. Uma forma eficiente de evitar ou até mesmo eliminar de vez esse problema é estabelecendo regras formais de sucessão, as quais deverão valer para todos, sem exceção. Estabelecidos os preceitos, os demais membros da família devem ser conscientizados e expressar sua concordância.
No entanto, ao definir tais regras, lembre-se de evitar de impor exigências que facilitam o ingresso de parentes que não têm competências para assumir tais cargos na gestão. Por isso, vale destacar mais uma vez a importância da profissionalização para garantir que a empresa esteja em boas mãos.
Divergências entre gerações
Divergências entre a atual geração e a geração de sucessores é algo muito comum. Isso porque os mais jovens estão mais adaptados ao uso de métodos mais inovadores e tecnológicos, ao passo que os demais tendem a ser mais resistentes e desconfiados sobre a eficiência de tais ideias.
Além disso, os jovens têm ambições diferentes e mais disposição para diversificar os investimentos da empresa e explorar mercados diferentes. Os mais velhos têm um posicionamento contrário, geralmente, eles são mais conservadores, pois são mais próximos da geração que fundou a empresa e, por isso, a ligação emocional tende a ser muito maior.
É claro que essas situações são apenas exemplos e não uma regra específica, pois cada caso tem suas divergências e particularidades. Contudo, o fato é que essas diferenças de opiniões e até mesmo de valores existem e isso pode trazer muitos conflitos.
Nesse sentido, é de suma importância fazer um alinhamento estratégico de modo que seja possível encontrar um equilíbrio e conciliar as diferentes maneiras que os gestores de todas as gerações enxergam o negócio.
Como fazer a gestão de empresas familiares?
Agora que você já entendeu quais são os maiores desafios da gestão de empresas familiares, vamos apresentar um passo a passo para ajudá-lo a melhorar a sua tomada de decisão e fazer com que o negócio trilhe o caminho do sucesso. Acompanhe!
Tenha metas e objetivos definidos
Assim como em qualquer outro negócio, as empresas familiares precisam ter metas e objetivos bem definidos para evitar o famigerado “andar em círculos”. Além de direcionar os processos para ter os melhores resultados, as metas e objetivos ajudam a reduzir custos e a necessidade de retrabalhos, pois será possível identificar com antecedência o que pode prejudicar o empreendimento.
As metas são responsáveis por fazer com que a empresa alcance seu objetivo final. Portanto, vale destacar que são dois conceitos diferentes. Ao defini-los, é importante ser o mais racional possível e estabelecer metas e objetivos reais, que condizem com a realidade e o orçamento da empresa.
Feito isso, fica mais fácil para as equipes traçarem estratégias eficientes a fim de alcançar determinado resultado. Além de definir tudo isso, é preciso monitorar os resultados, para identificar gargalos que estão impedindo o bom desenvolvimento da empresa.
Ao definir metas e objetivos tangíveis, tanto os profissionais externos quanto os membros da família se sentirão mais engajados e motivados a entregar o seu melhor todos os dias.
Estabeleça o plano de negócio
O plano de negócio serve como um guia para o empreendimento, ajudando a mapear todos os processos e objetivos da empresa para aumentar a viabilidade do negócio e diminuir as incertezas. Entre os principais passos que você deve seguir estão:
- ter um resumo executivo: ele traz uma visão geral sobre o plano de negócio, ilustrando as principais características da organização e explicando de maneira sucinta o que é oferecido ao cliente, as oportunidades, os impactos sociais e o planejamento financeiro;
- descrição geral e modelo do negócio: apresenta a missão e visão, incluindo sua proposta de valor, parcerias, recursos estratégicos, modelo de receita etc.;
- plano de marketing: mostra os benefícios do produto ou serviço, apresentando os principais fatores relacionados ao mercado e quais estratégias que serão colocadas em prática para otimizar as vendas;
- plano gerencial: é preciso encontrar profissionais especializados para ajudar a melhorar o desempenho da empresa. Além disso, é preciso constar decisões a respeito da localização, equipamentos e arranjos mobiliários para possibilitar que a empresa exerça suas atividades;
- plano financeiro: é utilizado para projetar e conduzir as atividades da empresa, corrigir gargalos e adaptar-se às tendências do mercado.
Crie um plano de sucessão
Todas as empresas familiares precisam passar por um processo de sucessão mais cedo ou mais tarde. Por isso, criar um plano de sucessão é essencial para reduzir ao máximo os conflitos entre os familiares. Isso porque se os sucessores assumirem cargos importantes sem estarem aptos para cumprirem tais funções, as chances de a empresa falir aumentam. Para criar esse documento é preciso:
- estabelecer critérios para a escolha de sucessores, a fim de assegurar a qualidade nos serviços prestados;
- elaborar estratégias e operações de transição para evitar conflitos e problemas que podem prejudicar o clima organizacional e, consequentemente, a produtividade dos colaboradores;
- preparar os futuros líderes para a sucessão, uma vez que a prática traz conhecimentos muito mais profundos sobre a realidade do negócio, facilitando as tomadas de decisões futuras por parte do novo gestor.
Invista na capacitação dos colaboradores
Todos os profissionais precisam passar por um treinamento dentro da empresa, principalmente os membros da família. Afinal, como dissemos, para exercer um cargo de confiança, é preciso mostrar o quanto entende do assunto e o quanto pode ajudar a solucionar eventuais problemas.
Conhecer como a empresa funciona, desde o processo de produção até o processo de tomada de decisão é fundamental para se tornar um profissional experiente e ter o know-how necessário para driblar possíveis contratempos.
Com a capacitação, os atuais gestores ficarão mais tranquilos em ceder voluntariamente seus cargos para os sucessores, pois terão a certeza de que eles estarão qualificados o suficiente para manterem o bom desenvolvimento da empresa. Não só os atuais gestores, mas os posteriores também estarão mais seguros nas suas tomadas de decisões, possibilitando que o trabalho seja desempenhado da melhor maneira possível.
Tenha um plano de cargos e salários
O plano de cargos e salários nada mais é que um documento que apresenta quais são as respectivas funções de cada colaboradores, quais são seus postos de trabalho, seus perfis profissionais e, claro, o salário correspondente a cada um deles.
O primeiro passo é reunir os gestores para consolidar os cargos já existentes, definindo quais deles devem permanecer e quais devem ser criados (ou extintos). Feito isso, é hora de definir um plano de cargos e carreiras, identificando quais são as funções exigidas dos colaboradores de cada departamento.
As faixas salariais também devem ser definidas. É importante que o departamento financeiro participe dessa decisão para que os gestores não definam um valor que possa comprometer o orçamento da empresa. Ademais, crie regras transparentes sobre como o aumento de salário ocorrerá. Pode-se levar em consideração:
- feedbacks;
- tempo de atuação na empresa;
- absenteísmo;
- desempenho;
- qualificações acadêmicas etc.
Faça a gestão de desempenho
Para saber se a empresa está no caminho certo, é preciso ter um controle eficiente sobre o desempenho de todos os setores, logo, o desempenho dos colaboradores também serão observados. Para isso, é de suma importância analisar a rotina de gerenciamento de desempenho.
Para isso, você deve identificar quais são os indicadores-chaves que ajudarão a medir o desempenho do negócio. Com base nessas informações, será possível observar facilmente se o planejamento estratégico está sendo executado da melhor maneira possível.
Relatórios mensais ou quinzenais, por exemplo, ajudam a ter uma visão mais ampla do seu negócio, pois eles apontam oportunidades de melhorias. Inclusive, esses materiais podem ser divulgados aos membros da família que são responsáveis por outros setores da empresa. Dessa maneira, todos conseguem ter ciência da realidade da organização e, com isso, conseguem estabelecer as mesmas prioridades e agilizar a tomada de decisão.
Acompanhe as últimas tendências
Estar atento às tendências do seu mercado é fundamental para se manter competitivo. Uma empresa familiar tem como objetivo permanecer por anos e anos ativa no seu segmento, mas, para isso, ela precisa sair da sua zona de conforto e experimentar tendências que podem contribuir para o seu crescimento e fortalecimento da marca.
É importante destacar que há muitas oportunidades escondidas nessas tendências, por isso, é preciso se preparar para usufruir desses benefícios antes dos seus concorrentes. E uma das principais vantagens está relacionada à satisfação do consumidor.
Caso ele tenha uma boa experiência, poderá se tornar um defensor da marca, indicando-a aos seus amigos e familiares ― esse é o famoso marketing “boca a boca”, o qual é extremamente benéfico para a imagem da empresa.
Estimule a inovação
Quando falamos em sair da zona de conforto, também estamos falando de pensar “fora da caixa”. Ou seja, inovar é oferecer ao seu cliente algo que os seus concorrentes não oferecem e que dificilmente pode ser copiado. Esse pode até se tornar o seu diferencial. No entanto, para encontrar algo inovador, você precisa estimular a inovação.
Tudo começa pelo relacionamento com os seus colaboradores, que são peças-chaves para o sucesso da empresa. Para tanto, reúna a sua equipe e incentive o brainstorm. Todas as ideias são válidas! Anote as que mais se destacaram e, aos poucos, escolha as que mais podem gerar resultados positivos.
Nesse momento, investir em tecnologia para personalizar atendimento e agilizar o trabalho dos colaboradores também pode ser visto como uma inovação. Portanto, analise muito bem as ideias apresentadas para identificar quais delas devem ser implementadas o mais rápido possível.
Saber separar a vida profissional da pessoal também pode ser um desafio na gestão de empresas familiares, certo? Afinal, por mais que você tenha uma obrigação profissional, o elo emocional sempre será forte. É uma decisão que você deixa de tomar para não magoar alguém, é um problema que você ignora para não ter que corrigir determinada pessoa. Enfim, são várias situações que, mesmo que pareçam pequenas, podem prejudicar o bom desenvolvimento da empresa.
Sendo assim, para evitar ao máximo os conflitos emocionais com pessoas que você ama, não deixe de colocar em prática as sugestões deste artigo. Com o tempo, você perceberá que todo esforço valeu a pena.
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